Monday, August 20, 2007

Mais uma derrota


Este blog se inicia após uma derrota do Flamengo. Mais uma. Perdeu para o Palmeiras por 2 x 1 no Palestra Itália. Não vi o jogo. O problema de se viver no exílio é que estou 5 horas a frente do Brasil no fuso horário e não tenho TV por satélite e nem pretendo pagar a fortuna que a Globo cobra pelo serviço por aqui. Por isso, volto 50 anos no tempo e agora só acompanho o Flamengo pelo rádio, via internet (que ironia mais chata, hein?). Vendo pedaços do jogo espalhados em pequenos vídeos na net, é duro amargar o segundo gol do Palmeiras, com um erro feio do lateral Luizinho que entrou na partida substituindo Leonardo Moura. Pior é ter que aturar Léo Lima e Toró. Como é que um time que pensava em ir pra Tóquio tem jogadores assim no seu plantel? Parece que há uma conspiração para o Flamengo cair logo para a segunda divisão pois já se prepara com jogadores daquele nível, feito os supracitados. 

Hoje, Lula anuncia o PRONASCI, ou o "PAC da segurança pública", com R$ 6, 7 bilhões em investimento até 2012. Qualquer brasileiro de boa índole diria: "vamos torcer para dar certo". O problema de se falar em política no país do futebol é essa mistura de situações. Não tem nada que torcer para dar certo. Teria que ser: "vamos exigir que dê certo". Depois de tanto tempo no poder, e diga-se, de tanto tempo apenas contemplando o fundo do poço em que a segurança pública no Brasil chegou, é o mínimo exigir ação e competência do Governo Federal para se começar a lidar com este problema. Política não é futebol em lugar nenhum do mundo mas no Brasil, as duas coisas bizarramente refletem uma à outra. É por isso que digo que escrever sobre o Flamengo é escrever sobre o Brasil. Um encarna a doença do outro, somatizando bizarramente as feridas um do outro. 

Sunday, August 19, 2007

O Primeiro Post


Esse é o meu primeiro post. O Flamengo dos meus sonhos é, em primeiro lugar, sobre o Flamengo. Em segundo, sobre o Brasil. Um, o time de futebol mais historiado, amado e odiado do Brasil. O outro, a pátria e mátria de 180 milhões que, quase sempre, se sentem órfãos e abandonados. Em algum lugar do espaço e do tempo, ficou decidido que ser Flamengo é ser brasileiro em sua quintessência. O Flamengo dos meus sonhos é escrito por mim, um brasileiro no exílio, vivendo longe do Brasil há quatro anos, com saudades da minha terra onde canta o sabiá pois as aves que aqui gorjeiam, definitivamente, não gorjeiam como lá. O Flamengo de hoje é uma pálida referência do que já foi: campeão do mundo, base da seleção, temido e respeitado mundo afora. Hoje, é motivo de chacota e não mete medo nem aos torcedores da Portuguesa nem do Olaria. E também é um claro reflexo de todas a mazelas, desvirtudes e do câncer que se infestou por todas as áreas da sociedade brasileira. Se o brasileiro acha que vive sob um governo corrupto, inerte, irresponsável e com interesses divergentes, o que dirá então o flamenguista mais inocente que derrama sua paixão no altar do Maracanã a cada domingo e vê seu time morrendo aos poucos detrás de acordos à portas fechadas, de motivos escusos e intenções dissimuladas por parte de seus dirigentes? Esse blog não é apenas sobre futebol e o desempenho do Flamengo no atual campeonato em que possa estar jogando mas, sim, sobre o Flamengo que transcende as quatro linhas e que reflete a vida nesses tempos tão incertos e escuros por quais passa o Brasil neste início de século.